quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Abrir espaço para outros acontecimentos





















Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo,
É com ele que contamos: o tempo
Queremos dormir e acordar dez anos depois curados
daquela ideia fixa que se instalou  no peito, aquela obsessão
por alguém que já partiu de nossas vidas.
No entanto, tudo o que nos invadiu
com intensidade,
tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente não passa. Fica.
Acomoda-se dentro da gente
e de vez em quando cutuca, se mexe,
nos faz lembrar da sua existência.
O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo,
deixa-lo em paz no quartinho dos fundos
e abrir espaço na casa para novos acontecimentos"

Martha Medeiros



sábado, 20 de setembro de 2014

Cecila Vilas Boas

.


























Emoção cultiva emoção, a nossa, a do outro
O amor combate a cólera e a podridão do que é perverso
Ópio das almas negras e sombrias

Anseio as águas límpidas do discernimento
Rasgo as veias que purificam o sangue
Definho-me na dor aguda de ser
Por querer ser gente

E o que é ser gente?!
Nesta condição de ser ínfima...

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

E você Aprende que Amar



















E você aprende que amar não significa segurança
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje.
             Porque o terreno do amanhã é incerto
demais para os planos,
             E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
E aprende que,não importa o quanto você se importe,
             Algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não se importa quão boa seja uma pessoa,
              Ela vai feri-lo de vez em quando
E você precisa perdoa-la por isso.
              Aprende que falar pode curar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir uma confiança.
              E apenas segundos para destruí-la.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer
               Mesmo a longas distancias.
E que importa não é o que você tem na vida.
               Mas quem você tem na vida.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida
               São tomadas de você muito depressa...
Por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos
               Com palavras amorosas;

Pode ser a última vez que a vejamos
              Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado
por alguém...
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
              E você aprende que realmente pode suportar...
Que realmente é forte,
              E que pode ir muito mais longe
Depois de pensar que não se pode mais.
              E que realmente a vida tem valor e
"Que você tem valor diante da vida."

           Willian Shakespeare

terça-feira, 16 de setembro de 2014



















E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
Atravessa a floresta e o tempo
E tudo parece sem idade:
A paisagem, como um verso do saltério,

É pujança, ardor, eternidade.

         Rainer Maria Rilke

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Um dia, em qualquer tempo...
















Se o tempo fosse o vento
Ou se o vento fosse o mar
Os meus olhos encontrariam os teus
Na encruzilhada das marés
Se as madrugadas fossem o renascer
E o renascer fosse a vida
As tuas mãos seriam o meu aconchego
Ao raiar do dia
E se a dor fosse a cura
E a cura a paixão
O teu corpo seria o meu templo
Nas escarpas do desassossego
Ou se as palavras fossem mansas
E a mansidão fosse a voz
O teu sorriso seria a minha luz
Nas trevas da noite
Mas o tempo não é o vento
As madrugadas não são o renascer
A dor não é a cura
E as palavras não são mansas
Um dia, em qualquer tempo,
Mesmo que já sem tempo
Entenderás que a brisa morna me aquieta
Um dia, em qualquer tempo
Mesmo que já sem tempo…

Cecília Vilas Boas


quinta-feira, 11 de setembro de 2014


















Eu quis tanto ser tua paz,
quis tanto que você o meu encontro.
Quis tanto dar , tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar
o que me era dado.
Sem ir além, compreende?
Não queria, pedir mais do que você
tinha, assim como eu não daria mas
o que tinha, era seu.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Balada das Folhas

















No crepúsculo de gaze
E ouro, anda alguém a cantar
Uma cantiga que é quase
Um choro humano, pelo ar...
Pensativo, os olhos ponho
Nas folhas, - vida que vai
A extinguir-se, sonho a sonho, 
Em cada folha que cai...

A primeira é verde e é linda.
Porque o vento a desprendeu?
Não tinha vivido ainda,
Não tinha amado e morreu.
Vento do Destino avança,
E num soluço, num ai,
Cai um mundo de esperança
Na folha humilde que cai.

A segunda é a folha morta, 
Passado... Desilusão...
Mal o vento o ramo corta, 
Ela adormece no chão...
É a saudade, - folha da alma –
Que no tormento se abstrai
E vive da morte calma
De cada sonho que cai.

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No crepúsculo indeciso

Outono