segunda-feira, 8 de outubro de 2012

AH SE...

AH SE...

Pudesse esse poema ter o poder de calar as dores da minh'alma...
Pudesse essas palavras trazer um pouco mais de claridade a minha estrada...
Uma luz que iluminasse os meus pés, percorresse as minhas mãos, irradiasse pelo meu corpo e ofuscasse os porões do meu coração.

Pudesse as lágrimas que agora vertem em minha face.
Transformassem-se em cristais límpidos, puros e cintilantes.
Pudesse êsse sutíl clamor de letras quebrantadas
subir até as nuvens e retornassem em copiosas chuvas.

Por Arnalda Rabelo.

































quinta-feira, 4 de outubro de 2012

*** A Veradeira Essência ***




Já de nada vale a inquietação. Tudo tem um início e um fim...

Os dias não começam nem acabam hoje. Nem o sol, nem o crepúsculo.

Os sonhos são indomáveis…


Perde-te no bailado que as sombras te oferecem, para que à noite assistas tranquilamente ao embalar das palavras no colo da lua.

As tuas mãos perfumadas de alecrim, parecem adormecer sobre a noite. Inertes, acariciam as palavras que descansam no acolchoado das nuvens.


Não fales! Silencia o momento… sente a fragilidade dos ventos, das névoas, das esperanças, dos silêncios que as noites e os dias guardam dentro de ti.

Há momentos na vida, só para escutar…

 

Os ramos das árvores, soltam sussurros nos braços dos ventos onde a memória escreve recordações em vales banhados pelos néctares das primaveras.

Nas leiras do tempo, escoam-se vidas entre o tempo que dura o cair das folhas dos plátanos, repartido entre manhãs e noites e pouco mais…

Guardamos, sabe-se lá onde, sorrisos largos, tão grandes que por vezes não cabem nos olhos que iluminam a trilha dentro de nós.

Mas também aprendemos a sentir o rolar das lágrimas, pelas pestanas dos rios dos nossos olhos, sem revolta… porque à nossa frente, cantam rouxinóis que desafiam a nossa coragem e assim, a força prevalece.

Tão frágil a vida, e nós, todos nós… mesmos aqueles que pensam ser donos de si próprios, feitos de nada quando uma brisa mais forte sopra…

E assim corre o tempo no rio da vida,

Sóis de amor, de saudade

De luta, de desfrute

De dor, de alegria

Ilusões, vitórias, derrotas…

E assim se julga viver, quando nos é permitido olhar o azul intocável do céu, sentir o cheiro envolvente do mar ou contemplar o simples voo duma gaivota...

Meigo é o silêncio que nos revela a verdade de nada sermos, nos adiamentos, nos sonhos, nas vozes que guardamos em surdina dentro de nós.

Mas no lar da simplicidade semeiam-se nenúfares na íris da vida, pinta-se de cores o breu da noite, inala-se demoradamente o perfume das flores campestres.

É lá que habitam as memórias… permanecem mesmo depois do fim. Escrevem-se no respirar do tempo, nos cantos dos pássaros, nos risos das crianças, nas paredes brancas das casas humildes, no cheiro das madeiras…

Ouves o crepitar do silêncio na lareira do sonhar?

Está reservado aos nobres de espírito. Sei-te um deles!
Vai! Procura o cheiro do rosmaninho nas montanhas, mesmo que tenhas que inventar asas e sobrevoar o teu tempo. Vai! No lugar mais recôndito, encontrarás o que procuras… não estarás só, os olhos dos pássaros dar-te-ão a visão necessária para que possas encontrar a tua verdadeira essência…

Cecília Vilas Boas