terça-feira, 17 de abril de 2012

**** Paralelas***


O tempo passa criando paralelas
Deixando espaços em branco
Andamos pelas mesmas ruas sem nunca permitir
Que se criem laços
Apenas pedaços ínfimos e fracionários
Quando então esse mesmo tempo
Que nos impele e nos arrasta para outros espaços
Fazendo pequenas trapaças num jogo de emoções
Que cria estranhos embaraços
Chocando-nos contra tantos laços
Eu e Você
Como fugitivos de um mundo concreto para o abstrato
Pois tudo que concreto nos intimida e nos afasta
Nossos corpos se chocam entre a escuridão e a claridade de um momento fracionado
E quando nossos olhos se encontram sem reconhecer nos como dois seres
Estranhos em mundos desconhecidos
Querendo que o tempo fosse outro ou outro lugar fosse
Para dividir talvez a beleza de um momento
O que fazer se quando calar a tua ausência é negar a própria existência
Então nossas vozes se calam na tempestade raiada do amanhecer findo
Talvez ganhar o direito de partir para o abstrato e poder em fim
Compartilhar somente a beleza pura
Que nos faz tão diferentes esquecendo os outros que passam
E simplesmente te envolver num imenso abraço
 Desvendar os teus olhos e sem embaraços
Pedir que não fizesse com que o tempo outra vez nos afaste
Pois que preciso te preciso nos meus espaços a cada passo
Quando o silencio é tão presente que te reclama
Mesmo no vento que passa...

São Paulo, 07/05/87
Darcy Bilherbeck.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

*** Amor nas Entrelinhas de Tantas Vidas ****



Há! Como preciso ouvir a tua voz,
Quero te ver é a qualquer custo
Que contradição não é você quero, ver.
Necessito tocar o teu corpo, teu rosto e no entanto não é esse corpo que tanto preciso e quero.
Oh Deus por quê?
Se você é o que o que mais quero e não posso ter
pois não é esse corpo que quero e no entanto quero tudo o que se esconde dentro de você.
Trago o espírito inquieto pois quero o que você tem e não me podes dar,
Pois não vive em você, apenas sobrevive,independente da tua vontade e é tão difícil viver
Dessa forma como dizer que te amo num mundo irreal,
que tendo o sol, busco a obscuridade
Tendo a vida busco os espaços vazios do além da vida,
Pois o obscuro da vida que não respira sem você
Pois é espaço está na imensidão do dia e na escuridão da noite
Está aqui... Posso sentir e não posso tocar e isto me alucina
 Já não posso querer a liberdade, a vida porque quero ao espaço infinito que se estende ao meu redor, não posso querer a liberdade porque sou uma eterna prisioneira e não sei viver em liberdade.
Como posso querer a vida aqui se não posso te-la com você,
 Como? Se a qual eu quero esta na imensidão do espaço e eu estou aqui.
Não posso partir e não posso ficar!
Ficar é viver e viver sem você não tem sentido e com você é tão abstrato.
 É tão difícil e eu te quero tanto! Te preciso tanto!
Como o sol ama o dia e a terra necessita de água eu te necessito
Queria ser o ar que necessitas para voltar ao tempo
Ser o vento que te agita nos espaços vazios... Te trazendo a mim
Ser o repouso para ser o teu descanso depois da luta
Ser as estrelas, para guiar os teus passos
Através dos caminhos sombrios até chegares ao infinito
Onde as palavras não fossem necessárias é tão pouco e para mim seria tanto!
Se pudesse transformar em atos todas as palavras ditas e as que estão contidas nos espaços vazios
E não mais sentir o desespero de te saber tão longe e no entanto te sentir tão perto
Como o espaço infinito que agora me cerca
Onde se confunde a ilusão , o amor ao ilusionismo criado como fuga do universo almejado e não alcançado
Chamas de futuro o passado e não saber até quando é presente, quando se ausenta no limiar da esfera da vida.
Ou até onde saber! O estar aqui e estar além do consciente, onde se divide a vida, o sonho, o desejo e a liberdade de ser.
Tempo e espaço em outro ser me deixando tantas vezes sozinha a juntar os meus pedaços
Pedaço por pedaço até onde? Até quando?
Se tudo o que ficou neste momento é o teu riso que se espalha
Como chuva cristalina molhando a minha saudade...


Jundiaí,31/07/1983
                         
Darcy Bilherbeck.










      

quinta-feira, 5 de abril de 2012

*** Sábia Natureza****

 







                                 
A natureza sábia e generosa acolhe no seu leito
A tenra e frágil criaturas, as plantas, árvores acolhedoras
Que com seus frutos e sombra alimenta e ameniza o calor                           
Dando aos homens meios para a sobrevivência no planeta.
O homem consumista e egoísta usa com ganância desmedida e destrutiva
O que generosamente recebe da natureza,
Sem escrúpulo depreda,desmata, corta põe fogo
O fogo queima, arde, consome, transforma em carvão, e cinzas
Ante o olhar insensível do homem seu predador incansável
O fogo abrasador abre fendas profundas nos troncos mais robustos, nas raízes
Porem não as destrói de todo, como se fogo precisasse de ar para continuar
Consome-se.
Às raízes ali ficam por tempo indefinido, jogados, amontoados, sem serventia
Aos olhos descuidados.
 O fogo já cumpriu seu papel, esculpiu, delineou, talhou.
 Com receio do homem
 Esconde e ofusca sua obra sob o carvão negro, largado no tempo indiferente ao olhar
 Insensível que o rodeia adormece sob escombros.
A natureza espera... Paciente no vão do tempo, até que a curiosidade do ser humano desperta
Como a natureza generosa que espera que a sensibilidade aflore em mentes menos destrutivas e quem sabe recriadoras
 Que olham além do feio ou triste alguém que acredite
Que tudo se transforma se tiver coragem de olhar sem criticar ou enojar de sua condição.
Pois não somos todos seres desprovidos de sentimentos. A natureza espera... Sábia conduz a criatura a olhar o feio
E quem sabe seu olhar encontre a fonte para sua obra. São olhos, são mãos que buscam um motivo para sensibilizar
E nessa busca para, atraído por tantas raízes queimadas e amontoadas, compadecida recolhe destroços que estão jogados, esquecidos
E a sensibilidade aflora e nasce um amor até então desconhecido, despretencioso, mas cuidadoso, cauteloso recolhe
 Num simples carrinho de mão
E os leva para casa com se fosse um ferido necessitando de socorro e cuidado
Por onde passa desperta olhares de curiosos
Como se aquele ser estivesse tendo um surto de
Desvario e loucura
Paro e penso! Quem é realmente o louco, o que desmata, corta e queima ou aquele que recolhe e tenta sem saber como, salvar!
 Que importa... Sigo em frente confiante que posso fazer algo.
Com generosidade lava limpa seus despojos, cuida de suas feridas tirando o carvão consumido pelo fogo,e pela enésima vez lava suas feridas e surpresa descobre lá no fundo o que a sábia natureza permitiu que o fogo esculpisse e que mais uma vez o ser humano descobrisse a beleza do artista fogo
 Sujeito à natureza que usa a sensibilidade e transforma o sem forma em formas inusitadas
Mostrando mais uma vez que tudo podemos. Assim nasceram minhas obras em raízes de árvores queimadas,
 Muito amor e muita sensibilidade e acima de tudo que sou apenas a socorrista o fogo é o grande escultor.







Itaipuaçu 2002

Darcy Bilherbeck.



Renata Facundes

"Aprendi que nada é tão grande como a gente vê.
 Ainda bem! 
Decidi descomplicar o simples, simplificar os dias. 
A gente planeja tanto, aí vem o inesperado fazendo festa, rindo dos nossos projetos 
megalomaníacos, nos ensinar que muita coisa depende de nós, mas que a vida é muito 
mais que um bloco de notas.
Vem nos mostrar que não existe receita pronta, palavra certa, escolhas erradas, 
a vida se apresenta cada dia com uma nova roupa e cabe a nós tirá-la para
dançar ou ficarmos sentados esperando a coragem chegar.
Reaprendi a construir caminhos sem me preocupar com a chegada,
apenas com cada passo da caminhada."