quinta-feira, 28 de agosto de 2014

*** A Casa do Tempo Perdido ***






















Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
Pela metade; a outra metade são cinzas.


Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
Pela dor de chamar e não ser escutado.


Simplesmente bater. O eco devolve
Minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
No bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.


 Carlos Drummond de Andrade


Nenhum comentário:

Postar um comentário