quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Avesso do Avesso (Darcy Bilherbeck)


Ainda trago viva na lembrança
A expressão do teu rosto
Somos dois pólos que se dividem
Ao romper do dia
Para outra vez se recompor
Ao anoitecer.
Somos duas chamas que se consomem
Em lugar nenhum
Somos duas gotas da mesma água
Que nunca se saciam
Partimos... Sempre do mesmo ponto e
Retornamos ao mesmo inferno ao
Qual nos condenamos.
Separados... Sofremos e nos crucificamos


Chegamos ao extremo de nós mesmos
Por nenhum motivo...
Por todas as causas
Por todas as vidas nos definhamos
Lentamente... Com os direitos
Por todos os ideais que um dia nos permitimos
E quase sem querer ou por estranha ironia
Choramos hoje a nossa própria covardia.


Jundiaí, 11 de setembro de 1982


Darcy Bilherbeck.

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