quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Renasceme



















Doem-me os ossos, e a alma… o pensamento
Que importa! Quem se importa com moribundos?!
Procuro o isolamento de mim mesma, a escravatura da alma, o sofrimento
E porque escrevo?
À folha de papel incomodam as minhas palavras rudes e sem sentido
Há qualquer coisa fora de mim, um passado, um presente, um futuro
Tempos que nunca foram, em tempo algum
Porque não existiram, nem em memória

Sou tão insignificante para as pessoas como elas passarão a ser para mim
Porque elas próprias não sabem o quão insignificantes são, nem eu...

Apetece-me sair, para lado nenhum…
Ontem acreditei, hoje desesperei
Não sei se tenho tempo, entre este dia e o fim de mim

Deus! Tateia a minha alma e escreve-me de novo…!
Recupera os meus sentires, os meus sonhos
Mas deixa-me a dor… sem ela não chegaria a Ti
Retira a vontade própria aos homens,
Faz entendê-los da Tua eternidade e da sua finitude
Venda-os para que não proliferem o olhar concupiscente
E faz-lhe sentir que as ruas estreitas são os caminhos certos
Ainda que dolorosos
Segreda-lhes que o alarido está longe de Ti
Por isso, nunca os ouvirás
Procuro-Te Senhor, humildemente
E no meu silêncio venero-Te
Acredito que vestes os prados de verde esperança
Para que possamos sentir deleite num novo amanhecer
E beber da Tua glória, todos os dias da nossa existência
Renasce-me luz! 

Sustenta-me na Tua grandeza
Permite, já sem tempo nem espaço,
Que o meu corpo jaza em Paz.

Cecília Vilas Boas

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